quarta-feira, 10 de abril de 2013

Morar sozinha - A odisseia de uma mulher moderna, independente e desastrada




Ser mulher livre, independente e moderna é super legal até você ter que subir, SOZINHA, as compras do supermercado pro 3º andar. Haja braço, haja perna e, por favor, me lembrem de nunca mais morar em prédio sem elevador. Dia desses tive vontade de parar no degrau de número 22 (tem 48 degraus até o meu apartamento, já contei) e gritar: SOCORRO, por favor, um homem!

Trocar lâmpada, por exemplo, parece simples mas é uma tarefa de alto risco, até porque não tenho escada. Minha mãe fez o favor de afanar a única que tínhamos na chácara e só notei na mudança pro apê. Liguei pra ela na hora: “Mas você tem marido! E eu? Com vou trocar as lâmpadas?” Agora me penduro numa banqueta alta e rezo pra todos os santos me segurarem. A única lâmpada de casa que tem aqueles globos de proteção é a do corredor e se depender de mim vai ficar queimada por séculos, porque não consigo retirar aquela pombas de lá.

E virar galão d'água, então? É sempre uma operação de guerra pra não fazer molhadeira e conseguir encaixar o troço no filtro com sucesso. Isso que compro galão de 10 litros, porque de 20 é impossível.
Tá, eu sei que pra tudo nessa vida se dá um jeitinho. Normalmente pagando alguém pra fazer, claro. Das compras, por exemplo, o mercado entrega e carrega pra cima. Mas tem que ter paciência e tempo livre pra esperar a boa vontade. Então, dá-lhe eu mesma. E também porque grana não caí do céu pra pagar um “faz-tudo” toda hora que algo dá defeito é que a descarga da privada tá com problema até hoje (funciona, mas ela tem uma manhazinha) e porque o ventilador de teto do quarto tá com um barulho insuportável.

Quando eu morava com meu pai e acontecia dessas eu delegava a ele a tarefa de resolver. Chuveiro queimado, cano entupido, era tudo com ele. Não que ele fizesse o serviço, mas pelo menos eu tinha de quem cobrar e pra quem reclamar. Até que um dia, séculos depois, ele cansava e tomava uma providência. Ou não.

Matar baratas e afins também é missão ingrata. Antes eu gritava: “Ô paiêêêê”. E ele vinha com a vassoura na mão, reclamando, mas vinha. Agora posso gritar quanto quiser que a barata é toda minha. Ainda bem que tenho o Xico e a Amy (pra quem não sabe, meus gatos caçadores) pra localizar a nojenta e um Mortain sempre à postos. Mas não é mole não. Sou moderna, independente e o escambau, mas tem coisas que preferia não ter que passar. Fico imaginando o dia que a Priscila, a pessoa mais escandalosa que conheço pra assuntos de barata e lagartixa, morar sozinha. Ela não mata e nem olha na direção da bicha. Vai acabar por dormir no carro, certeza.

Mas não tô reclamando de morar sozinha, não é esse o ponto. Eu gosto e, na medida do possível, me viro. Já até instalei cortina no quarto e na cozinha, subi na pia pra parafusar o varão e nem caí, nem morri, só cortei uns 3 dedos só. Também já desencapei fio pra instalar a antena, cortei mais dois dedos e, claro, nem consegui instalar. Só não sou daquelas que ergue a bandeira que tudo posso e não preciso de ninguém. Não mesmo. De fato tem coisa que não consigo fazer, tem coisa que até consigo mas sofro pacas e tem coisa que não quero fazer de jeito algum. Quando dá pago pra ser feito, quando tenho a possibilidade peço ajuda e quando nada disso se encaixa deixo do jeito que tá.

A questão é que por mais que a gente se adapte, ninguém é totalmente independente. Nem homem que mora sozinho é. Vejo um monte de marmanjo que bate no peito pra dizer que já saiu de casa, mas leva a roupa pra mãe lavar e pede pro pai dar uma forcinha na grana do condomínio. E, no fim, se não for um abuso descabido, não tem problema nenhum nisso. Todo mundo gosta de ser cuidado, de ter um pouco de ajuda.

Ninguém se basta. Ninguém.

4 comentários:

  1. Me vi na mesma situação cunha, porém, com um homem em casa! kkkk
    Tem uma cortina pra ser colocada na cozinha desde que mudamos e o varão ainda esta com a embalagem, seu irmão só coloca se eu pegar a furadeira, arrastar a banqueta, tirar a embalagem do varão e passar uns 3 dias pedindo! kkkk

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  2. Muito legal! Só não se iluda que marido por perto resolve... quer dizer, às vezes, resolve... ou não...rsrsrsrs. Beijos

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    1. É, eu imagino. Meu pai tbm solucionava 10% das coisas! haha
      Mas pelo menos mata a barata! rs
      Bjooo

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