segunda-feira, 5 de maio de 2014

Eu não sou uma princesa da Disney



A vida me ensinou que eu não sou uma princesa da Disney. Nem eu, nem a maioria das mulheres que conheço.

Nenhum passarinho vai costurar um lindo vestido novo pra eu ir à festa do príncipe que, claro, é na faixa apesar de super disputada. A verdade é que, se eu quiser roupa nova e sair pra me divertir, tenho que acordar cedo e trabalhar muito pra ter dinheiro sobrando pros supérfluos, já que tenho muitas contas pra arcar.

Se eu comer uma maçã estragada, é bom eu ter pago o plano de saúde em dia, se não não há beijo de príncipe encantado que me cure... vou amargar na fila do SUS!

Não tem sapo que vira príncipe. Não tem fera que vira príncipe. Não tem ogro que vira príncipe. Resumindo, não tem príncipe não, gatinha. Tem sapo, tem fera e tem ogro... mas também tem alguns caras muito bacanas por aí, só que com defeitos. Não se iluda, não há perfeição.

Não somos todas magras, com cabelos brilhantes e peles perfeitas. Isso nem preciso comentar, né?

Os problemas são MUITO reais e todos os dias resolvo que um e aparecem outros três. Tenho que pagar a prestação do apartamento, comprar a ração dos gatos, manter a casa em ordem e ter pique pra trabalho, dois extras e academia. No meio disso tudo, me ataca a rinite, a sinusite, a bronquite. Não é mole não.

Se hoje eu consigo ter tempo e disposição pra brigar 2h no telefone pra cancelar a bendita da tevê a cabo, amanhã eu perco o cartão do banco e tenho que pegar uma fila enorme pra pedir outro... e depois voltar pra buscar. Depois de amanhã queima a lanterna do meu carro. E depois de depois, a descarga do banheiro quebra... ah, dane-se, isso resolvo depois...

Tem problema que dá mais trabalho, outros menos, mas SEMPRE tem.

Então me pergunto: adianta focar no que tá difícil? Poucas coisas ocorrem de maneira fácil e natural na vida, e não é só pra mim que é assim. Tem gente que nasce SIM com o bumbum virado pra lua. As princesas da Disney existem por aí, mas são poucas as sortudas. Aquelas que nascem em berço de outro, amam a profissão sem nenhuma ressalva e trabalham por puro prazer, encontram o amor aos 25 anos e formam uma família feliz. Tem gente que de fato tem pouco ou quase nenhum problema na vida.

Sorte delas, só sei que não é o meu caso. E, se não for o seu, aprenda que desanimar não resolve. Aliás, são dois trabalhos, deprimir e sacudir a poeira pra dar a volta por cima, pagando o terapeuta, claro. É mais fácil se apegar ao que está bom (e sempre tem coisa boa) pra não entrar no buraco negro da tristeza.

Vou te contar um segredo: você não é a pessoa que mais trabalha no mundo e muito menos a com os maiores problemas. Nem eu, claro. Pra mim, quem acha que trabalha mais que os outros normalmente é, na verdade, mais braço curto. E quem acha que tem os maiores problemas é egoísta. Todos, todos os santos-dias eu vejo histórias duras de verdade verdadeira e me pergunto como aquela pessoa suporta. E agradeço, agredeço muito por aquela história não ser a minha. Por eu ser aquela pessoa. Por eu ser quem eu sou, mesmo não sendo uma princesa de conto de fadas.

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