terça-feira, 20 de agosto de 2013

O mimimi dos 30


Eu fiz 30 anos. Merda! Não queria, nunca quis.

Quando adolescente, eu fazia planos suicidas, porque não queria envelhecer. Continuo não querendo... OPA! Peraí, já envelheci um monte. Que pavor desse tempo que voa! É por causa dessa minha neurose com a passagem do tempo que tudo na minha vida acontece mais tarde. Inconscientemente me boicoto, pra não ter que encarar a vida adulta. Maldita síndrome de Peter Pan...

As pessoas da minha faixa etária se formaram, trabalham, constituíram família ou estão bem próximas disso, eu não. E é óbvio que isso me preocupa, me chateia, mas fui eu mesma que me enfiei nessa cilada, não foi?

Imaturidade!

Não estudei o suficiente pra passar em medicina e fui cursar a segunda opção. Abandonei o curso de veterinária, na época um grande alívio e hoje um grande arrependimento. Recomecei e passei em medicina com 25 anos. Porra, 25 anos não é mais idade de recomeçar algo tão complexo. Falhei, é claro. Como eu não falharia se sou tão boa nessa arte??!! Enfiei o pé na DP, somei a imaturidade à minha burrice e me enrolei ainda mais nessa mesma DP. Parabéns, Peter Pan! Vamos lá pegar o diploma aos 45 anos na Terra do Nunca. Super natural viver de mesada do pai nessa idade... Que presente de filha, hein papai? Puro orgulho!

Quando eu achei que tudo havia entrado nos eixos - estava cursando medicina, namorando com planos sérios de casar (sérios pra quem mesmo?) -, levei a maior galhada do planeta, um lembrete do universo que comigo nada acontece como manda o figurino. Meu tempo é diferente, é retardado. E quando ele tenta acertar os ponteiros, de alguma forma muito sádica eu consigo atrasar tudo de novo.

Sim, eu sei que eu sou dramática, que nós atraímos o que pensamos e que esse meu hábito ruim de me colocar sempre pra baixo me trouxe até aqui. Me culpo todo dia enquanto passo meu creme anti-rugas e penso que meu pai pode reclamar do valor da fatura do meu cartão (com to-da razão), quando vejo meus livros de medicina pela casa (aqueles, que já deveriam ter sido estudados), quando vejo minhas amigas felizes com seu filhos no colo... é inevitável não me sentir um fracasso. E ao invés de me acalmar e traçar um plano pra resolver meus atrasos, eu choro. Feito uma criança escondida no banheiro ou no meio da noite com o meu travesseiro.

Será que um dia isso passa? Será que eu e o tempo ainda seremos amigos?

Há 30 anos que brigamos em todos 17 de agosto.
Há 30 anos que eu não vejo razões pra celebrar mais um ano de existência.
Muito triste eu me fazer tão mal...
Muito triste eu estar sempre tão triste!


Obs: Desculpem aí a lamentação, estava engasgado desde sábado. Vou ali assoar meu nariz entupido e curtir a que já insônia se instalou.

Um comentário:

  1. Pô Cami, tudo tem um propósito...embora você não acredite (vc disse algo a respeito em outro post hehe), tudo tem um lado positivo. Eu costumo pensar que as coisas que me deixaram malzão, serviram de lição, não necessariamente no seu ponto de vista, que a lição seria mostrar que vc "errou" todos esses poucos anos de existência...a lição é algo mais profundo, acredito que é fazer o que te deixa feliz, a mudança pode e, até, deve ser gradual, essa parada de radicalismo, de mudar de uma hora para outra não dá certo na maioria das vezes (uma merda...), tem que ir mudando gradativamente...passo a passo, na velocidade que irá te deixar confortável. Mudei minha vida recentemente, tinha um trampo estável com salário relativamente bom, mas não estava feliz...tracei meus planos e estou em uma nova empreitada, ainda não é o que quero, mas continuarei tentando e já me sinto bem melhor...subi um degrau... Parabéns Cami, Tati e Pri pelos posts e pela coragem de expor as suas opiniões, isso se chama personalidade. Buenas noches

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