quinta-feira, 11 de julho de 2013

Insônia - o samba do crioulo doido dos demônios da mente


Sexta-feira,1h da manhã. Noite fria e eu nem pisco.



Isso graças a visita de uma companheira de longa data, com a qual eu já tentei, por diversas vezes, terminar o relacionamento. Mas já que ela insiste, apresento a vocês a Dona Insônia: uma grandíssima filha de uma puta barata que domina todos os mais perversos demônios que assombram minha alma.

Além de mim, alguém já parou pra pensar que alguns momentos, quando estamos a sós, servem pra colocar pensamentos em dia, analisar fatos e entender coisas que ficaram obscuras nas nossas idéias?

Tipo, dirigir na rodovia, pra mim, é o melhor momento pra compreender sem me massacrar de críticas. Muitas vezes eu entendo as origens dos meus medos e inseguranças e até me dá uma sensação de competência por desvendar, esclarecer e perdoar a mim e a quem por acaso tenha me ferido. Adoro dirigir na rodovia!!!

Outro momento é o banho. É nele que eu viajo imaginando, de forma infantil estilo Disney, como seria se a minha vida fosse assim ou assado...
Invento histórias de um mundo ideal e saio do banho limpa física e psicologicamente.

Aí vem o problema: quando a Dona Insônia - prima da Dona Morte e tão assustadora quanto-, entra no meu quarto, trazendo as bestas rosnando em coleiras finas, e se senta ao meu lado, na cama. De caráter mais sujo que pau de galinheiro, a bandida começa a falar baixinho, num timbre de arrepiar os cabelos, sobre todos os meus erros, medos e defeitos.

Me mostra filmes de hoje projetando um futuro ruim pra qualquer plano de vida que eu tenho. Faz um retrato horroroso de mim, aumentando tudo que é ruim. E então, acabo entrando numa paranóia tão grande que me faz até pensar em me atirar da janela do 15º andar (...ela se jogou da janela do quinto andar, nada fácil de entender...).

Não adianta toma chá de camomila ou qualquer outra erva. Pode me dar uma piscina olímpica pra beber, que só vai servir pra me fazer urinar sem parar. Dramin até derruba, mas é um sono ruim, pesado, pastoso e na hora de acordar você fica retardado. Somando o meu retardo natural ao acréscimo do retardo do Dramin, eu fico tão apta a pensar e agir quanto uma acelga,. Por isso logo desisti desse método de chutar a senhora Insônia.

Cansada, mal humorada e deprimida, fui num psiquiatra too much crazy! E dá-lhe ansiolítico! Funcionou por tempos, aliás, ainda funciona. O problema é que eu sou tão amável que a Sra. Insônia duela ferozmente com as minhas pilulinhas, só pra matar a saudades da sua pequena vítima sugestionável.

E hoje foi dia dela! Depois de bater o rosto e fazer um cortinho perto do olho esquerdo, piorando o que a natureza não ajudou, ela entrou no quarto, com aquele olhar de cigana oblíqua e dissimulada (permita-me, mestre Machado de Assis, copiar esses tão batidos termos) e me tirou a paz da noite com as suas teorias da conspiração que me soam tão convincentes.

Está feliz em me ver, velha companheira? Eu não.


Desejo um sono tranquilo pra quem não recebeu a visita dessa maldita insana!


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