sexta-feira, 7 de junho de 2013

Coragem, a Tati Covarde




Sabe quando alguém não tá afim de falar com você e dá a desculpa esfarrapada que tá só sem tempo e que a vida dela tá uma correria? Pois é, no meu caso é a mais pura verdade.

Nos últimos dias tenho corrido desde o segundo que abro o olho até o momento que tenho a oportunidade de encostar minha cabeça no travesseiro pra dormir. Me sinto personagem de um vídeo-game, daqueles joguinhos de aventura. Run, Tati, Run.

E quando eu me deito e consigo aproveitar o silêncio do meu quarto eu, de fato, durmo. Durmo, primeiro porque estou pregada e segundo porque é nesse momento que tenho tempo de pensar, e eu não quero fazê-lo.

Eu gostaria de ter metade da coragem que bato no peito estufado e finjo ter. Mas, na verdade, pra assuntos particulares, pra decisões da minha própria vida, sou uma tremenda duma covarde. Dessas que dorme, porque só de pensar no problema pessoal que tem que resolver sente o coração se espremer e afundar no peito. O simples pensamento de “Ok, vou refletir sobre o que preciso dizer e como vou dizer”, já me faz desistir. Dá vertigem, dor de barriga, pernas bambas. O oxigênio some do ar e o pouco que sobra fica pesado demais pra se respirar. Juro que imagino luzes vermelhas girando e até escuto o alarme de incêndio tocando. Pânico, isso é pânico. Melhor dormir rápido.

Acontece que eu tenho uma DRfobia. Tudo que eu preciso discutir seriamente, pra resolver um assunto pendente na minha vida, me dá pânico.

E eu sou capaz de entrar nas maiores bocadas pra fazer uma reportagem e de comprar brigas homéricas pra defender quem eu amo. Minha chefe diz até que eu seria uma ótima advogada. Desafio, enfrento, discuto e defendo. Visto meu tênis e corro uma maratona quando o assunto é trabalho, família ou amigos. Desço do carro e enfio o dedo na cara do caminhoneiro que me fez bater. Mas quando sou eu em pauta, me encolho num canto e respiro curto. Covarde.

Isso que “coragem” é a primeira de três palavras que tenho tatuadas nas costas, em kanji.

Tão corajosa e tão covarde. Como pode?

Tenho medo de morrer sufocada com as palavras que eu não digo. Mas tenho mais medo ainda de dizê-las. E só de pensar nelas fica mais fácil fazer dieta, porque meu estômago se encolhe e eu perco a fome.

E eu bem sei que quando finalmente decido o que dizer, sempre adio o “momento certo”. E quando o momento pula no meu colo, parece que um diabinho corta minhas cordas vocais. Fico muda, completamente muda. Não sai um único som da minha boca. Aí a pessoa percebe. O que você tem? Nada, nada não. Só tô cansada. Acho que vou dormir.

Sou a encarnação do Coragem, o Cão Covarde.

Então é conveniente, muito conveniente, toda essa correria. Não preciso pensar. Não dá tempo. É acordar e correr até a hora de dormir. Santa agenda cheia.

3 comentários:

  1. Ai como eu adoro seus textos cunha! kkkkk

    Não se culpe por não ter a tal da coragem para determinados assuntos.
    Pense bem, só por enxergar que isso lhe falta, já é um passo na construção dessa coragem, "o pior cego é aquele que não quer enxergar".

    Entendo perfeitamente esse sentimento que você tem, me identifico com o texto e muitas vezes também adio o momento certo, e quando ele cai no meu colo (na maioria das vezes eu acho que caiu, mas é alarme falso rs) e eu dou uma de corajosa e falo, dá merda! Então melhor o diabinho cortar as cordas vocais, me empresta ele? kkkk

    Bjo

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    1. Hahaha, acho que o bom é o meio termo, né?

      Eu realmente acredito que tem coisa que não vale a pena discutir. É melhor deixar pra lá!

      Obrigada, linda!

      bjoooo

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  2. Ola Tati, tudo bem ?

    É, realmente eu compartilho de um sentimento semelhante, ao que você passou no texto, ou pelo menos o sentimento que eu identifiquei, minha correria do dia-a-dia começa com um despertador incomodo ,que , sinceramente algumas palavras de baixo calão não seriam suficientes para expressar oque passa por minha cabeça, mas isso não é o grande problema, pois acredito que a falta de tempo reflete um objetivo que está sendo almejado, e conseguentemente furta o tempo de ócio, que por muitas vezes nós desejamos de forma surda ( fique muito tempo sem fazer nada e vai poder comprovar isso), Enfim hehe acabei falando um pouco dos meus dramas e não de seu texto,

    Está questão do medo pela busca de verdades do nosso ser interior é mais comum do que imaginamos, o piloto automatico que somos forçados a ligar por consequencia do estilo de vida que adotamos, não nos da tempo para que possamos parar, e pensar no que realmente importa para nós, a que ponto estamos nos sacrificando para que possamos conviver bem com os outros ( digo isso desde o circulo de familia à amigos). Já tive diversas crises que me forçaram a mudar alguns comportamentos que gritavam de dentro de mim, por experiência própria, não foi um processo muito agradavel, porém necessário.

    Acabei vendo que você, assim como eu, é de escorpião, nem sempre a astrologia, está correta, porém me identifico muito com o que nosso signo representa.

    Fica aqui meus votos de coragem, e força, algo que acredito que você já possui.

    Abraço
    Olá
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    Ola Tati, tudo bem ?

    É, realmente eu compartilho de um sentimento semelhante, ao que você passou no texto, ou pelo menos o sentimento que eu identifiquei, minha correria do dia-a-dia começa com um despertador incomodo, que , sinceramente algumas palavras de baixo calão não seriam suficientes para expressar oque passa por minha cabeça, mas isso não é o grande problema, pois acredito que a falta de tempo reflete um objetivo que está sendo almejado, e conseqüentemente furta o tempo de ócio, que por muitas vezes nós desejamos de forma surda ( fique muito tempo sem fazer nada e vai poder comprovar isso), Enfim hehe acabei falando um pouco dos meus dramas e não de seu texto,

    Está questão do medo pela busca de verdades do nosso ser interior é mais comum do que imaginamos, o piloto automático que somos forçados a ligar por conseqüência do estilo de vida que adotamos, não nos da tempo para que possamos parar, e pensar no que realmente importa para nós, a que ponto estamos nos sacrificando para que possamos conviver bem com os outros ( digo isso desde o circulo de família à amigos). Já tive diversas crises que me forçaram a mudar alguns comportamentos que gritavam de dentro de mim, por experiência própria, não foi um processo muito agradável, porém necessário.

    Acabei vendo que você, assim como eu, é de escorpião, nem sempre a astrologia, está correta, porém me identifico muito com o que nosso signo representa.

    Fica aqui meus votos de coragem, e força, algo que acredito que você já possui.

    Abraço

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