Sexta-feira,1h da
manhã. Noite fria e eu nem pisco.
Isso graças a
visita de uma companheira de longa data, com a qual eu já
tentei, por diversas vezes, terminar o relacionamento. Mas já
que ela insiste, apresento a vocês a Dona Insônia: uma
grandíssima filha de uma puta barata que domina todos os mais
perversos demônios que assombram minha alma.
Além de mim,
alguém já parou pra pensar que alguns momentos, quando
estamos a sós, servem pra colocar pensamentos em dia, analisar
fatos e entender coisas que ficaram obscuras nas nossas idéias?
Tipo, dirigir na
rodovia, pra mim, é o melhor momento pra compreender sem me
massacrar de críticas. Muitas vezes eu entendo as origens dos
meus medos e inseguranças e até me dá uma
sensação de competência por desvendar, esclarecer
e perdoar a mim e a quem por acaso tenha me ferido. Adoro dirigir na
rodovia!!!
Outro momento é
o banho. É nele que eu viajo imaginando, de forma infantil
estilo Disney, como seria se a minha vida fosse assim ou assado...
Invento histórias
de um mundo ideal e saio do banho limpa física e
psicologicamente.
Aí vem o
problema: quando a Dona Insônia - prima da Dona Morte e tão
assustadora quanto-, entra no meu quarto, trazendo as bestas rosnando
em coleiras finas, e se senta ao meu lado, na cama. De caráter
mais sujo que pau de galinheiro, a bandida começa a falar
baixinho, num timbre de arrepiar os cabelos, sobre todos os meus
erros, medos e defeitos.
Me mostra filmes de
hoje projetando um futuro ruim pra qualquer plano de vida que eu
tenho. Faz um retrato horroroso de mim, aumentando tudo que é
ruim. E então, acabo entrando numa paranóia tão
grande que me faz até pensar em me atirar da janela do 15º
andar (...ela se jogou da janela do quinto andar, nada fácil
de entender...).
Não adianta toma
chá de camomila ou qualquer outra erva. Pode me dar uma
piscina olímpica pra beber, que só vai servir pra me
fazer urinar sem parar. Dramin até derruba, mas é um
sono ruim, pesado, pastoso e na hora de acordar você fica
retardado. Somando o meu retardo natural ao acréscimo do
retardo do Dramin, eu fico tão apta a pensar e agir quanto uma
acelga,. Por isso logo desisti desse método de chutar a
senhora Insônia.
Cansada, mal humorada e
deprimida, fui num psiquiatra too much crazy! E dá-lhe
ansiolítico! Funcionou por tempos, aliás, ainda
funciona. O problema é que eu sou tão amável que
a Sra. Insônia duela ferozmente com as minhas pilulinhas, só
pra matar a saudades da sua pequena vítima sugestionável.
E hoje foi dia dela!
Depois de bater o rosto e fazer um cortinho perto do olho esquerdo,
piorando o que a natureza não ajudou, ela entrou no quarto,
com aquele olhar de cigana oblíqua e dissimulada (permita-me,
mestre Machado de Assis, copiar esses tão batidos termos) e me
tirou a paz da noite com as suas teorias da conspiração
que me soam tão convincentes.
Está feliz em me
ver, velha companheira? Eu não.
Desejo um sono
tranquilo pra quem não recebeu a visita dessa maldita insana!
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